Caro leitor! Sempre temos refletido aqui sobre assuntos Filosóficos, os quais nos levam a pensar. Neste dia vamos tratar da “Caridade” e da “Pobreza”, tendo em vista, “VICENTINOS”, seus focos principais de trabalho. Portanto, a caridade e, igualmente, a pobreza estão ligadas ao dever de justiça humana. Dar aos pobres o supérfluo é um dever Bíblico: “Do supérfluo dai esmolas” (Lc 11,41). “É um dever, não de estrita justiça, exceto nos casos de extrema necessidade, mas de caridade cristã, um dever, por consequência, cujo cumprimento não pode conseguir pelas vias da justiça humana” (Rerum Novarum, 12).
Porém, “A ‘caridade do homem’ não se move apenas por relações feitas de direitos e de deveres, mas antes e sobretudo por relações de gratuidade, misericórdia e comunhão” (Caritas in Veritate, 6). Com isso afirma o “Pontifício Conselho ‘Cor Unum’”: “Numa palavra e em termos realistas: a caridade não é um luxo, é uma condição de sobrevivência para um elevadíssimo número de seres humanos” (A fome no mundo, 11).
A caridade é um comprometer-se constantemente com o outro. Esse que sofre as mazelas da vida e também é uma forma de reconhecer que no outro se encontra uma parcela do meu ser enquanto humanidade. A caridade, entretanto, fará seu papel em ser uma elevadora de valores entre as pessoas, ao passo que se esforça para ver no sofrimento do próximo seu próprio “eu” refletido. Porque “a caridade constrói” (1Cor 8,1).
Deste modo, a caridade leva os homens a olhar a pobreza e tenta lhe dar uma dignidade de Conselho Evangélico. Pois, “A pobreza evangélica é por vezes objeto de comentários cínicos da parte tanto de indigentes como de pessoas ricas. Acusam-se os cristãos de querer perpetuar a pobreza. Tal desprezo pela pobreza seria deveras diabólico. A característica do demônio (cf. Mt 4) consiste em opor-se à vontade de Deus fazendo referência à Sua Palavra” (A fome no mundo, 62).
A caridade, portanto, sempre será uma das características sublimes que os homens de todas as épocas deverão cultivar frente à realidade da pobreza, sem tirar de ambas suas cômodas peculiaridades, as quais estão inscritas em cada uma. Com efeito, “A liberação interior produzido pelo espírito da pobreza evangélica nos faz mais sensíveis e mais idôneos, (…) já para dar à riqueza… a justa e com frequência severo avaliação que lhe convém” (Ecclesiam Suam, 51).
Deste modo, a caridade e a pobreza devem andar juntas, principalmente onde a pobreza se faz notar com mais força como nas periferias das grades cidade ou mesmo nos nossos bairros mais afastados. Por isso, estamos todos convictos de que, com o trabalho de cada um seja nas conferências ou mesmo no seu trabalho diário estão realizando seu ofício. Assim, caros Vicentinos, voltem a seu primeiro amor de múnus: olhar os pobres com caridade.
Fonte: Padre Joacir S. d’Abadia, Pároco da Paróquia São José Operário