Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
A capacidade de decisão das pessoas pode ocasionar algo que não corresponda àquilo que seja melhor para suas vidas. Numa retomada, certamente o caminho seria diferente, porque faz parte da identidade dos seres humanos a capacidade de fazer escolhas de realidades que sejam melhores para sua existência. Por causa disso, é comum as desistências diante de decisões pouco refletidas.
As escolhas feitas por cada indivíduo estão em sintonia com as opções assumidas no trajeto da vida humana. A isto chamamos de vocação, ou uma temática evidenciada pela liturgia da Igreja Católica durante todo o mês de agosto, como espaço concreto de realização e de harmonia, que acontece na vida pessoal. É aquilo que cada pessoa faz, como opção de vida, e a torna feliz e realizada.
A todo instante as pessoas são colocadas frente a frente de propostas exigindo escolha. A história mostra duas vertentes, que são fundamentais, a do bem ou a do mal. A Palavra bíblica destaca estas duas realidades, principalmente ao dizer ao povo antigo sobre a opção por Javé ou por deuses falsos. Um dado esclarecedor foi a decisão de Josué: “eu e minha casa serviremos o Senhor” (Js 24,15).
Escolher significa comprometer-se e ser submisso ao que foi objeto da opção. Na vida cristã, a vocação tem conotação de serviço, de entrega, de amor ao próximo e de ajuda na comunidade, da mesma forma como ensinou Jesus (cf. Mc 8,35). O grande mistério contido na vocação cristã está na capacidade da pessoa criar espaço de envolvimento, doação e de acolhida à quem está relacionada.
São muito fortes as exigências para quem escolher seguir determinada vocação cristã. Entendemos a vocação como proposta de Deus, que só acontece na resposta concreta dada por quem é vocacionado. No grupo dos apóstolos estava Judas Iscariotes, um dos chamados, mas incapaz para realizar os objetivos da opção, porque se deixou levar por outros critérios, terminando num fim trágico.
Ao falar de escolhas na vida, que pode ser a profissão, a roupa, uma viagem, o estado de vida etc., a motivação é ponderar, refletir e optar pelo que seja melhor. Hoje somos confrontados e forçados a pensar seriamente sobre quais escolhas fazer na vida. É importante ter em mente que tudo isso supõe maduro discernimento, responsabilidade e capacidade de renunciar certos compromissos.
FONTE: CNBB