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Incêndios econômicos: eles queimam esperança na Amazônia – L’OSSERVATORE ROMANO.

Este ano, os incêndios aumentaram 76%, marcando o nível mais alto desde 2010.


Os incêndios no Brasil são de anos no centro das disputas político, social e ambiental. Todos os alarmes disparados parecem produzir um som abafado. Lá a floresta amazônica merece atenção especial: muitas imagens que retratá-lo em chamas eles fizeram em todo o mundo nos últimos anos. Uma condição trágica que coloca a raízes no agronegócio, um todo de práticas agrícolas recorrentes também ao desmatamento. Este último é favorecido pelas condições climáticas ligadas à seca e pela facilidade com que as chamas se espalham. Além de criar terrenos prontos para agricultura, o desmatamento tem o efeito colateral sério para liberar gases com efeito de estufa, agravando as alterações climáticas e causando ainda mais complicações agrícolas.
Todo mês de setembro o Brasil enfrenta o pico da sua crise climática, com secas causando grandes incêndios e consequências devastadoras. Porém, em agosto deste ano os números já eram alarmantes: uma seca desta magnitude não foi vista desde 80 anos e previsões para o futuro são ainda mais preocupantes. Em comparação com 2023 os incêndios aumentaram 76% atingindo um nível não visto desde 2010.
A situação não causa qualquer benefício, apenas dano”, afirma ao nosso jornal Padre Luis Miguel Modino, sacerdote espanhol que vive e trabalha na Amazônia, onde colabora com a equipe de comunicação do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano).
Os cientistas falam sobre um «ponto sem retorno» quando a Amazônia perderá 20% de sua floresta, um limiar perto de condições atuais. Os incêndios espalharam fumaça por grande parte do país Brasil, enquanto os níveis dos rios estão ainda mais reduzidos, ameaçando o transporte fluvial, que é a principal via de acesso em diversas regiões da Amazônia. «A solução? Supervisão governamental eficaz brasileira, o que é difícil dada a pressão exercida pelo poder legislativo sobre o poder executivo e o desmantelamento órgãos de controle nos últimos anos”, continua o Padre Modino. Até mesmo o contexto internacional, segundo ele, deveria ser «mais incisivo, boicotando os produtos provenientes ilegalmente de áreas desmatadas”. Crítica depois as leis existentes, definindo-as como «apenas escritas, mas não se aplique.”Outra acusação vem Greenpeace Brasil: «Os infratores muitas vezes escapam à responsabilidade também quando o uso do fogo é proibido, como acontece em a maior parte do Brasil neste momento. Eles continuam a definir incêndios porque acreditam que não terão que enfrentar embargos ou acusações e, mesmo que isso aconteça, muitas vezes consigo evitar o pagamento das multas”, afirma Cristiane Mazzetti, porta-voz do Greenpeace Brasil. Este último destaca os limites ausentes contra aqueles que incentivam incêndios: «Um estudo recente do Greenpeace O Brasil revelou que, entre as empresas agrícolas envolvidas no “Dia del Fuoco” de 2019, foi pago apenas 0,003% do total de multas ambientais”, destacando como algumas empresas continuam a receber financiamento, apesar de ações.
Então, um dos verdadeiros problemas o «poder económico, apoiado muitos políticos eleitos com o app hoje do agronegócio”, continua Padre Modino, que o define como um “obstáculo significativo”. Contra o agro – empresas, organizações indígenas, movimentos sociais, ambientalistas e grande parte da Igreja católica. Este está comprometido com a conscientização pública, como demonstra o quinto Encontro da Igreja na Amazônia Legal, realizado em Manaus desde 19 a 22 de agosto de 2024. Além disso, A Igreja no Brasil participará do COP 30, marcada para Belém em novembro de 2025. Os incêndios econômicos no Brasil representam um desafio complexo e incerto, que corre o risco empurre a Amazônia além do limite sem retorno.

Por MAT TEO FRASCAD ORE
L’OBSERVATORE ROMANO

JORNAL DIÁRIO POLÍTICO RELIGIOSO
Cidade do Vaticano. Quinta-feira, 5 de setembro de 2024.

 

 

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