O sacerdote é servo por amor. Como já dizia Santo Agostinho, o sacerdócio é um serviço de amor (amoris officium), é o serviço do bom pastor, que oferece a vida pelas ovelhas (Jo 10, 14-15). O “Sim” que o sacerdócio respondeu ao Senhor da Messe, faz dele um dócil e disponível instrumento nas mãos de Cristo.
Ser instrumento de Deus é estar a serviço dos outros. Se doar por inteiro, sem reserva, simplesmente amar aqueles a ele confiados. Chiara Lubich utiliza uma metáfora muito interessante para descrever a dinâmica do serviço sacerdotal: “… A pena não sabe o que deverá escrever. O pincel não sabe o que deverá pintar. […] Os instrumentos de Deus têm geralmente uma característica: a pequenez, a fragilidade. Disse Paulo: Deus escolheu no mundo o que é fraco… Deus escolheu… o que nada é… a fim de que nenhum homem possa vangloriar-se diante de Deus (Cf. 1 Cor 1, 27-29). E enquanto o instrumento se move na mão de Deus, Ele o forma com inúmeras experiências dolorosas e jubilosas.”. Dessa maneira, compreende um outro fator de ser instrumento de Deus, que é não se vangloriar por ser escolhido para tal vocação. Mas pela simplicidade de coração, servir. O sacerdote nunca está pronto, não é o fato de ter sido ordenado que sua formação terminou. Sempre, sempre o instrumento precisará de manutenção para que assim possa ser utilizado cada vez melhor. É pela formação permanente que o sacerdócio vai adquirindo uma profunda consciência de si e certa intuição de Deus, e chegará ao ponto de afirmar que ele em si é nada, mas Deus que é tudo, mesmo na sua pequenez o escolheu para cuidar do seu rebanho.
O ministério sacerdotal iluminado pelo serviço de amor faz com que aquele que abrace tal sacramento tenha clara consciência que é um verdadeiro despojar de si. O padre não pertence a si mesmo, é todo de Deus e todo das ovelhas, dá-se aos outros, para iluminar, alimentar e guiar as almas para a glória de Deus, enquanto percorrem o caminho da peregrinação terrena.
A última ceia de Jesus com os seus amigos, os Apóstolos, é um exemplo sublime da dimensão do serviço sacerdotal. É nesse momento com Jesus que os Apóstolos contemplarão o ensinamento deixado pelo servidor dos servidores: “Durante a ceia […] Jesus levantou-Se da mesa, depôs as vestes e, pegando numa toalha, cingiu-se com ela. Depois deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxuga-los com a toalha com que estava cingido” (Jo 13, 2-5). Os Apóstolos serão sacerdotes para servirem os homens como Jesus serviu a “Humanidade”. Para lavarem os pés de todos, um por um. Para darem o alimento sobrenatural a todos, um a um.
Jesus ao terminar de lavar os pés dos seus, perguntou: Compreendeis o que vos fiz? Depois que contemplaram, orientou que fizessem o mesmo. Essa é a grande missão do sacerdote: servir ao próximo, pois o próprio Senhor da Messe deu o exemplo para que, como Ele fez, assim cada um que abraçasse o sacramento da ordem fizesse igual.
O sacerdote é chamado a viver constantemente a dimensão do serviço, por isso precisamos estar sempre em oração pelos nossos queridos e zelosos sacerdotes, para que iluminados pela sabedoria do Evangelho possam cada dia se configurar a Cristo Jesus, o bom pastor. Que o Senhor da Messe continue a chamar jovens pelas cidades da nossa querida Diocese da Campanha que queiram assumir essa vocação de serviço e doação.
Seminarista Douglas Hilário Vieira
2º Ano de Teologia.